(3680) O Restauranter:
PREMIERE DO FILME - TUDO QUE APRENDEMOS JUNTOS
Nesta quarta-feira, dia 09/12 às 21 horas, tem PREMIERE do filme Tudo que Aprendemos Juntos no CINEMARK - Shopping Capim Dourado protagonizado pelo ator LAZARO RAMOS e com a presença do Diretor Sérgio Machado.
Pelas cenas iniciais, temos a impressão que Tudo que Aprendemos Juntos vai
cair nas principais armadilhas do drama social: o paternalismo e a idealização.
Através da figura de um músico frustrado (Lázaro Ramos), que passa a dar aulas em uma favela, o diretor Sérgio Machado prepara
o terreno para um típico drama lacrimoso sobre o professor inspirador que
consegue modificar a vida de seus alunos rebeldes, trazendo um pouco de
humanismo e de “civilidade” através da arte.
A apresentação dos cenários e dos personagens
está marcada por simplificações um tanto grosseiras da vida nas comunidades. Os
homens são alcoólatras e agressivos, as mães são passivas ou ausentes, os
garotos jovens investem no tráfico de drogas, enquanto as garotas estão
grávidas. É um painel caótico, com muita música e movimento, numa espécie de
fetiche da marginalidade. Enquanto isso, a vida de classe média do protagonista
Laerte desenvolve-se em lugares vazios, dentro de apartamentos soturnos, no
profundo tédio e silêncio.
Os opostos não tardam a se encontrar. Para
não transformar o protagonista em um professor Keating, cheio de boa
vontade e frases de efeito, o roteiro faz um retrato antipático do violinista,
que despreza Heliópolis e seus moradores. Mesmo atenuando os clichês, as
transformações esperadas estão presentes: o garoto mais agressivo acalma-se com
a música, um deles revela um talento extraordinário para o instrumento,
enquanto o professor descobre um afeto verdadeiro por estes jovens em carência
de amor paterno.
Tudo que Aprendemos Juntos não é um filme muito sutil, longe disso. No
entanto, depois de uma primeira metade fraca, a história engrena com o
desenvolvimento político e psicológico da trama. Aos poucos, os conflitos
envolvendo os jovens tornam-se palpáveis, e a situação política ganha traços
realistas, quando o roteiro sai da escola e ganha as ruas. Este é o momento em
que os coadjuvantes passam a ter complexidade, e o professor de violino
enfrenta, pela primeira vez, conflitos éticos e morais a respeito de suas
escolhas.
O drama é
apresentado em embalagem bela e funcional. A fotografia de Marcelo Durst trabalha
muito bem as cenas noturnas, ao mesmo tempo em que destaca a luz do dia sem
exageros. A montagem também imprime um ritmo eficaz ao conjunto, fazendo a
tensão crescer e se resolver nos momentos esperados. O conjunto das atuações é
bastante competente, mesmo com algumas falas pouco naturais vindas do
inexperiente elenco juvenil.
De modo geral, este é um
drama que dialoga mais com os sentimentos do que com a razão. A política e a
ideologia funcionam como pano de fundo para o diretor entregar ao público
exatamente o que veio buscar neste projeto: uma recompensa emocional com os
sofridos personagens. Por isso, a previsibilidade torna-se condição sine
qua non para a
identificação do público. Cumpre-se o prometido, sem manipular excessivamente
as sensações do espectador (uma tragédia, por exemplo, é trabalhada com
bastante pudor). Temos uma obra simples, bem feita, mas de ressonância limitada
– ou seja, ela satisfaz o apetite durante a sessão, mas não deve deixar marcas
profundas algum tempo depois.
MATÉRIA DO SITE: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-240727/criticas-adorocinema/
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