OS VINHOS: SONHOS DOS ENÓFILOS E OBJETOS DA PAIXÃO
O importante para quem é apaixonado é o objeto de sua paixão. E isso, na maioria dos casos, não tem preço. Cálculos e lógicas à parte, todos os grandes apreciadores e colecionadores de vinhos desejam degustar ou ter em sua adega os ícones da vitivinicultura mundial. Qualquer maluco por vinhos delira ao pensar em fermentados como Château Lafite e Château D'Yquem, por exemplo. A lógica é a mesma, ou seja, por 100 vezes menos que o preço de um Romanée Conti de safra média, por exemplo, é possível adquirir uma boa garrafa de vinho.
A seguir, vamos elencar quais são os sonhos de consumo de enófilos mundo afora, tanto no quesito tradição e requinte, quanto raridade e novidade. Esses últimos quase sempre são denominados cult wines. Alguns chamam os vinhos muito caros e produzidos em ínfimas quantidades de garage wines. Seja cult, seja garage, o que esses vinhos têm em comum são preços elevadíssimos.
FRANÇA

O Petrus está entre os mais intensos e profundos vinhos do planeta. Para se ter uma idéia de sua longevidade, o Petrus 1970, em 2002 quando tivemos a honra de prová-lo, ainda não estava pronto para "beber". Será que está pronto hoje? O preço básico de lançamento da extraordinária safra 2005 superou US$ 5 mil no mercado norte-americano.
Esses vinhos estão com seus preços superando, e em muito, tradições de Bordeaux tais como Château Mouton e Lafite Rothschild, além dos lendários Château Margaux, Haut- Brion e Latour, que também são sonhos de quase todos os amantes do vinho. São vendidos em leilões a preços fora de qualquer controle, são verdadeiramente "ouro líquido".



Alguns vinhos na Espanha despontam como ícones, o Cirsion, produzido pela Bodegas Roda na Rioja; o Alvaro Palacios L'Ermita do Priorato; o Abadia Retuerta Pago Garduña de Sardon del Duero; e o caríssimo Pingus da Ribera del Duero. Este último hoje o vinho mais caro da Espanha, superando em muito o próprio Vega Sicília. Recentemente, o Bodegas Hermanos Sastre Pesus, também da Ribera del Duero, tem alcançado preços estratosféricos e já virou sonho de muitos.
PORTUGAL

Dos vinhos de mesa, a tradição portuguesa vem do Barca Velha, que ficou, nos últimos anos, no anonimato e ainda precisa mostrar o que foi, pois os Barca Velha safras 1964, 1965 e 1966 são, além de excepcionais, muito procurados e cada vez mais raros.
Para enófilos não tão exigentes e que podem gastar quantias menos absurdas, desejados mundo afora como: Quinta do Crasto Maria Teresa e Vinha da Ponte, Quinta Vale Meão, Vallado Adelaide, Lemos & Van Zeller Curriculum Vitae e Niepoort Charme, são fermentados que já podem ser considerados sonhos, principalmente para os brasileiros, que têm um carinho especial por vinhos produzidos na terrinha.
HUNGRIA

ÁUSTRIA
Áustria e Alemanha produzem os vinhos chamados Trockenbeerenauslese, produzidos - como os Tokajis -, a partir de uvas 100% atacadas pela "Podridão Nobre" - Botritys Cinérea. Alguns viticultores craques na produção desses vinhos são Joh. Jos. Prüm, Selbach Oster, Egon Muller e Fritz Haag, todos do Mosel (Mosela), Gunderloch, do Reno, e Dr. Burklin Wolf, do Pfalz. Para se ter uma idéia, o Joh.Jos. Prüm Riesling Trockenbeerenauslese Mosel- Saar-Ruwer Wehlener Sonnenuhr 1971 já alcançou, em leilões, mais de US$ 2.500 por uma meia garrafa. Esse vinho, por exemplo, já com quase 40 anos, ainda tem mais 30 anos de evolução. Temos um sem número de grandes produtores, mas um se destaca, o da casa é Kracher. Alois Kracher, desaparecido ano passado, produz mais de uma dezena de Trockenbeerenauslese e todos, sem exceção, são sensacionais. Mas, o destaque é o No 6 Scheurebe Trockenbeerenauslese Zwischen Den Seen 2002, um sonho de vinho pela sua encantadora doçura e pela novidade, pois é produzida pela uva Scheurebe, uma especialidade austríaca.
ÁFRICA DO SUL
AUSTRÁLIA
Da Austrália, temos dois vinhos que disputam o berço de cult dos cults. De um lado, o grandíssimo Grange, do conglomerado Penfolds, que já levou o nome de Hermitage - uma alusão aos seus irmãos do Rhône na França -; e o Hill of Grace Shiraz, da família Henschke. São dois dos fermentados mais robustos e encorpados do mundo. Exemplos como o Grange 1990 e o Hill of Grace 1996, que valem hoje mais de US$ 2 mil, também fazem parte constante do sonho de muitos loucos por vinhos.
CHILE
O Chile assim como todos os outros países buscam produzir seus objetos de desejo, atualmente são eles: Almaviva, Carmin de Peumo, Clos Apalta, e Cia. Este último foi consagrado em dezembro de 2008 como o primeiro vinho da América do Sul a receber o laurel de "Wine of the Year" da Wine Spectator.O Clos Apalta 2005,foi eleito o melhor vinho do mundo no TOP 100 pela revista Wine Spectator, recebeu a máxima nota que um vinho chileno já recebeu, 96 pontos. Da região de Apalta, Valle do Colchaga,elaborado pela CASA LAPOSTOLLE mesma família do lendário licor Grand Marnier e elaborado pelo enólogo mais influente da atualidade, Michel Rolland. É um vinho poderoso e encorpado que combina o fabuloso terroir de Apalta com rendimentos muito baixos e um sofisticado toque francês. O fermentado já era especial e, com esse reconhecimento, tornou-se ainda mais desejado, principalmente por brasileiros que adoram (e degustam muito) produtos chilenos.
ARGENTINA

A Argentina começou tarde na produção de vinhos high end, mas já tem o Noemia, um Malbec 100% da Patagônia, que custa quase R$ 500. Além do Ícono, de Luigi Bosca; do Magdalena, de Pascual Toso, e do Nicolas Catena Zapata. Esse último um dos fermentados mais colecionáveis de nosso continente, pela longevidade, estrutura e intensidade.

Um brinde a todos os que produzem vinhos que inspiram os amantes dessa nobre bebida, a mais elegante e fantástica dentre todas. E que nossos sonhos continuem vivos por muito tempo, sejam eles quais forem.
fonte: http://revistaadega.uol.com.br/edicoes/39/artigo124588-6.asp
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